China travada: os possíveis impactos de curto e médio prazo na economia brasileira e de Pernambuco
O mundo tem assistido com preocupação aos desdobramentos da nova onda de Covid-19 na China. Afinal não é para menos: trata-se da segunda maior economia do globo, cujo desempenho influencia de alguma forma os rumos de todos os blocos econômicos mundiais. O recém lockdown chinês tem afetado diretamente 1/5 dos contêineres que estão em congestionamento e cujo efeito já começa a ser sentido no Brasil. Entre as consequências esperadas – ou já em ação – estão o aumento dos fretes pela queda na oferta, a necessidade de mudanças drásticas nas cadeias de suprimentos e mais pressão sobre a inflação.
Para se ter uma ideia geral, segue o top 10 de produtos importados da China no mês de março/22, que revela alguns segmentos com alta movimentação de cargas portuárias chinesas. Destaca-se em primeiro lugar a compra de materiais de células solares, criando uma dificuldade imediata ao segmento de energia solar.
Entretanto, tal obstáculo para o setor de energia solar deve ser sentido entre os meses de junho e julho, pois, segundo empresários ligados à cadeia, o segmento mantém uma boa base atual de estoque. Observa-se também que os atrasos nas cargas devem afetar o agronegócio, sabendo-se que o tanto o sulfato de amônio quando o glifosato e as herbicidas, são insumos necessários no uso de fertilizantes e no combate às ervas daninhas.
E Pernambuco?
Em Pernambuco, a China tem sido um parceiro histórico no destino das exportações. Em março/22, quase 7% do valor total de exportações pernambucanas foi da relação com a China, cuja movimentação atingiu quase US$ 10 milhões, conforme a tabela abaixo indica. Com relação a Ásia enquanto Bloco Econômico, a China mais uma vez revela sua força na relação de comércio com o Porto de Suape ou do Recife, sendo a responsável por 21% das exportações, enquanto Singapura domina com 77%.
No que diz respeito às importações não é diferente a relevância chinesa na relação comercial com Pernambuco. Em março/22, a China foi responsável por quase US$ 88 milhões de movimentação financeira, 14,6% do valor total referente aos produtos importados, atrás apenas dos EUA e da Argentina, com 23,8% e 15,0% respectivamente. Entre os produtos chineses que mais deram entrada em solo pernambucano, assim como no Top-5 Brasil, estavam também as células solares em módulos ou painéis: US$ 24,4 milhões em placas, 28% do valor total de importação advinda do gigante asiático.