
Componentes semicondutores movimentam US$ 34,4 milhões por ano na balança comercial: oportunidade para a indústria brasileira?
Feitos basicamente a partir do Silício – substância química presente na areia e rochas -, os semicondutores são a matéria prima fundamental na fabricação de chips utilizados em produtos eletrônicos como smartphones, videogames, equipamentos médicos e componentes eletrônicos diversos. Um veículo automotivo atual pode ter facilmente 1.000 semicondutores que vão atuar, por exemplo, em sistemas de dirigibilidade, de segurança, de entretenimento e navegação e outros.
De acordo com a Relação Anual de Informações Sociais (Rais) de 2020, há no Brasil estabelecimentos na fabricação de componentes eletrônicos em todas as regiões: 785 plantas instaladas, sendo 61,4% dessas na Região Sudeste, 361 em São Paulo (46%). Junto com a Região Sul que detém uma fatia de 30%, nota-se uma concentração de mais de 91% da produção no Sul/Sudeste do país. O restante da produção se divide no Norte (4,2%) – especificamente no Amazonas – no Nordeste (2,5%) e no Centro-Oeste (1,8%).
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Apesar da presença de estabelecimentos de norte a sul, uma rápida análise sobre o comércio exterior revela um mercado interno dependente das importações dos semicondutores, com destaque para cargas oriundas da Alemanha, da China e de Singapura (os três juntos foram responsáveis por quase 81% das importações até junho de 2022). Em média, desde 2012, os valores das exportações representaram 3,6% dos valores das importações, evidenciando o déficit em um mercado que tem movimentado US$ 34,4 milhões por ano na balança comercial.
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Impactos na indústria automotiva
Atento às demandas setoriais ainda em 2007, o Governo Federal criou o Programa de Apoio ao Desenvolvimento Tecnológico da Indústria de Semicondutores (Padis) e disponibilizou incentivos fiscais à indústria de dispositivos eletrônicos semicondutores. O programa atua desde então na diminuição dos custos das importações e teve recentemente sua vigência renovada para 2026. No entanto, a medida parece não ter sanado ainda o problema da autossuficiência na produção interna, afetando diversos setores, o automotivo entre eles, que, alíás, tem sofrido impactos diretos pelo desabastecimento de semicondutores.
Estimativas do início de 2022 apontavam para a redução de pelo menos 1,25 milhão de veículos que podem não ser fabricados pela falta de semicondutores. Assim, o setor automotivo tem defendido, através da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), a nacionalização da fabricação de componentes semicondutores. A ideia seria fortalecer a cadeia interna de produção e, consequentemente, trazer mais competitividade e oportunidades ao setor não só automotivo, mas todos que demandam tais componentes. Dessa forma, o Brasil ficaria mais protegido de futuros apagões de abastecimento como o ocorrido com a recém pandemia da Covid-19.
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