Decisão do COPOM eleva taxa de juros para 11,75%, maior patamar desde abril de 2017
O Banco Central divulgou a decisão do COPOM (Comitê de Política Monetária) nesta quarta-feira, 16 de março, elevando a taxa básica de juros (SELIC) para 11,75% ao ano, uma elevação de 1 ponto percentual na comparação com a taxa até então vigente, alcançando o maior patamar desde abril de 2017 (Figura 1). Na penúltima reunião, a elevação havia sido de 1,5 ponto percentual, o que revela que o COPOM diminuiu a intensidade de elevação dos juros.
No comunicado emitido pelo Banco Central, o primeiro ponto de risco no cenário futuro analisado foi a guerra entre a Rússia e a Ucrânia. Foi apontado que este conflito está gerando um forte choque adverso na oferta e que tenderá a elevar o processo inflacionário mundial. Em geral, choques da oferta deste tipo não tem como principal remédio a elevação da taxa de juros. Portanto, a decisão final do COPOM pela elevação dos juros deve-se, também, ao fato de estarmos com a inflação muito elevada.
As projeções do mercado e a projeção mais provável do Banco Central apontam a inflação de 2022 em 6,4% ao ano, acima da meta estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional. Além disto, é citada a incerteza quanto à trajetória futura da política fiscal, já que a sinalização que vem sendo dada é de adoção de inúmeras medidas que levam ao aquecimento da demanda, algo que alimenta ou dificulta a convergência da inflação para a meta.
Com a decisão do Banco Central e as projeções de inflação futura atuais, a taxa real de juros eleva-se para 5,35% ao ano. Além disto, o comunicado do COPOM aponta para mais uma elevação de 1 ponto percentual na próxima reunião, se o cenário não sofrer ajustes importantes. Esta sinalização eleva ainda mais a curva de juros futuros. Este movimento dos juros tem o poder de postergar as decisões de investimento e diminuir a concessão de crédito às famílias, levando à uma drástica redução da atividade econômica.
Considerando esta elevação da taxa de juros, a alta de importantes insumos industriais devido ao conflito armado e às dificuldades logísticas impostas pela pandemia, o cenário para a indústria de Pernambuco fica desafiador, principalmente com a dificuldade em repassar aumentos para seus clientes, fazendo com que as margens sejam comprimidas. Será um desafio para a indústria a busca pelo aumento da eficiência e da produtividade para mitigar estas forças negativas que estão surgindo no início de 2022.