Pernambuco ocupa posição de destaque na corrida do H2V
Segundo a Agência Internacional das Energias Renováveis (IRENA), 90% das soluções de descarbonização em 2050 envolverão energia renovável através do abastecimento direto de energia de baixo custo, eficiência e eletrificação fornecida por recursos renováveis na utilização final. Entre todas as soluções, há um destaque sendo dado para o uso do H2V (Hidrogênio Verde).
O hidrogênio é um produto já presente em hospitais, indústrias e fertilizantes, e vem ganhando destaque nos setores de transporte, processos industriais e de geração e armazenamento de energia. Ainda segundo a IRENA, das energias renováveis, o H2V e a bioenergia moderna dominarão o mundo da energia no futuro.
O H2V é aquele produzido pelo processo de eletrólise que se utiliza de energias renováveis como a solar e a eólica para sua produção e é 100% sustentável. Seu processo produtivo ainda é muito mais caro do que hidrogênio tradicional. Todavia, um relatório recente da consultoria Wood Mackenzie afirma que os custos de produção do H2V estão caindo rapidamente e que o combustível deve alcançar paridade com o hidrogênio cinza até 2030 para alguns países e, em 2040, para os Estados Unidos, União Europeia e Austrália.
Recentemente a guerra na Ucrânia acendeu um sinal de alerta no Brasil, pois o país é um grande importador de fertilizantes da Rússia e sua produção interna é insuficiente para atender às suas necessidades. Por outro lado, a atual crise pode acelerar o processo de desenvolvimento do H2V no Brasil, já que a partir dele é possível obter amônia verde, insumo com baixa (ou nenhuma) emissão utilizado na fabricação de fertilizantes.
A produção do H2V depende necessariamente de água e energia elétrica de fonte renovável, desta forma, o Brasil é colocado numa posição de vantagem para se tornar um dos maiores produtores e exportadores no mundo por seu enorme potencial de geração de energia elétrica renovável e por dispor também das maiores reservas de água doce do mundo.
Por outro lado, questões sobre a regulamentação do H2V no Brasil ainda estão em fase inicial. O Ministério de Minas e Energia afirmou recentemente que pretende apresentar um projeto para desenvolver uma economia nacional do hidrogênio verde ainda no primeiro semestre de 2022, portanto, ainda este ano, já será possível ver os primeiros projetos ganhando forma no país.
Além do potencial de geração de energia elétrica renovável, o Brasil, mais especificamente o Nordeste, possui uma excelente localização, o que o torna uma região geograficamente favorável à exportação.
Pernambuco ocupa uma posição de destaque na corrida do H2V, já que o estado atende aos requisitos para implantação e desenvolvimento dessa tecnologia, principalmente no que diz respeito a sua matriz elétrica advinda de fontes renováveis, como a eólica, a solar e a hídrica.
Segundo a Tabela 1, com dados disponibilizados pela ANEEL, a matriz elétrica do estado de Pernambuco hoje conta com um total de 222 empreendimentos que possuem uma capacidade instalada total de cerca de 7,7 GW de potência outorgada. Dos 222 empreendimentos, 143 estão em operação, com 4,8 GW de potência outorgada e os outros 79 em fase de construção ou construção não iniciada, com 2,9 GW de potência outorgada.
Em operação, atualmente, 57% da matriz elétrica do estado é advinda de fontes renováveis, sendo aproximadamente 31% (1.504 MW) de geração hídrica, 19% (899 MW) de geração eólica e 7% (315 MW) de geração fotovoltaica. Os outros 43% (2.077 MW) são fontes de geração a partir de usinas termelétricas.
Um grande destaque aqui fica para os cerca de 2.915 MW de potência outorgada de fontes renováveis que o estado possui nas fases de construção e em construção não iniciada. Segundo a tabela, de toda a capacidade instalada outorgada no estado, aproximadamente 3% são de fontes renováveis em fase de construção e 34% são de fontes renováveis em fase de construção não iniciada. O que representa um crescimento de cerca de 107% na matriz elétrica renovável do estado em relação à atual capacidade de operação.
Em 28 de maio de 2021 o Governo do Estado anunciou que foram iniciados estudos de viabilidade técnica e econômica para implantação de uma planta de produção de Hidrogênio Verde com investimentos da Qair Brasil no Porto de Suape. A planta prevê a instalação de quatro conjuntos de eletrolisadores de água em áreas localizadas no Porto de Suape, em quatro fases de implantação. O projeto vai dispor dos processos combinados de eletrólise, bombeamento e liquefação, permitindo o envio do produto para longas distâncias, além da reforma de gás natural.
Em 10 de junho de 2021, a Neoenergia assinou um Memorando de Entendimento (MOU) com o Governo de Pernambuco para o desenvolvimento de um projeto piloto para produção de hidrogênio verde no Porto do Suape, no complexo portuário do Estado. O acordo tem prazo de um ano e objetiva identificar oportunidades para viabilizar a demanda pela tecnologia e preparar o Porto Suape para ser um hub de produção do combustível no futuro.