Preço internacional do Petróleo aumenta 43,7% nos últimos 3 meses
No último dia 03 de março o Observatório da Indústria apresentou um primeiro texto tecendo comentários a respeito dos possíveis efeitos da guerra da Ucrânia sobre a economia Pernambucana. Um ponto destacado no texto tratou dos inevitáveis aumentos que o petróleo estava sofrendo e como estes aumentos poderiam rebater no Brasil, especialmente na inflação.
Os países ricos, alinhados com Estados Unidos, iniciaram um conjunto de sanções econômicas à Rússia sem precedentes em nossa história recente. Entre estas punições está a restrição à importação de petróleo e gás da Rússia. A Europa, e principalmente a Alemanha, estavam reticentes em também incluir a questão energética entre os produtos a serem sancionados, isto porque são altamente dependentes da Rússia como fonte de suprimento de gás.
A Rússia é o terceiro maior produtor mundial deste tipo de fonte energética, logo, sua saída do mercado, mesmo que parcialmente (pois nem todos os países aderiram às sanções), atua no mercado de petróleo e gás como uma grande e inesperada queda da oferta mundial. Tal movimento certamente causa reflexos nos preços internacionais do petróleo.
A imagem a seguir apresenta um gráfico com as cotações médias dos contratos de futuro do petróleo Brent. Há um ano o barril estava cotado em aproximadamente US$ 63,54. Em dezembro de 2021 ele já havia subido para US$ 77,78, uma alta de 22,4%. Tal aumento estava sendo gradualmente repassado pela Petrobrás para o preço dos derivados, o que gerava um grande debate no meio político e econômico sobre as possíveis saídas a serem tomadas para reduzir a flutuação dos preços deste tão estratégico insumo. Com a eclosão da crise e a criação do sentimento de que o conflito não seria curto, os preços chegaram a atingir hoje US$ 111,78 (na média entre 01/03 e 10/03). Isto representa alta de 43,71% nos preços internacionais nos últimos 3 meses.
Então, no dia 10/03, a Petrobras anuncia um novo aumento de derivados. Na gasolina, o preço sofreu um aumento de 18,8%, o diesel subiu 24,9% e gás de cozinha 16,1%. Deve-se destacar que estes são aumentos na refinaria, o que implica que a variação dos preços para os consumidores finais pode ainda ser um pouco diferente, caso as margens dos atacadistas e varejistas, bem como a cobrança de ICMS sejam alteradas.
Tal aumento atua como um importante choque de custos, não só para os consumidores, mas também para toda a cadeia produtiva, incluindo, claro, as indústrias e o setor de transportes. Com isto, os níveis inflacionários devem se elevar ainda mais e tenderão a permanecer elevados por um período não desprezível, até que todos os repasses ocorram.
Entre as propostas que estão na mesa de debate temos: 1) criar algum tipo de subsídio por um curto período (até que as turbulências da guerra diminuam); 2) mudar tributação, principalmente no tocante ao formato do ICMS; 3) mudar política de preços da Petrobrás. Em todos estes cenários há prós e contras. Em geral, qualquer intervenção deste tipo gera desconfiança nos mercados financeiros sobre o caminho futuro da dívida pública, bem como sobre a abertura de possibilidade de intervenções em empresas.
A mudança de formato de tributação avançou no Congresso e é uma opção que geraria menos traumas quanto a desconfiança sobre o déficit público. Contudo, a alteração terá um efeito pequeno e transitório, caso a escalada de preços do petróleo se mantenha elevada.
Assim, o que se nota é que há pouca margem de manobra para políticas no curto prazo o que leva a que as indústrias que são muito dependentes do petróleo devam adotar postura defensiva.