Reverter processo de desindustrialização é fundamental para desenvolvimento sustentável do Brasil
Após um período de crescimento médio de 3,4% ao ano de 2006 a 2014, as Indústrias de Transformação brasileiras entraram em um processo que os economistas chamam de desindustrialização prematura. Ou seja, antes mesmo de passar a fronteira da produção de alta tecnologia – que nos países desenvolvidos se dá em torno dos US$ 25 mil per capita – e de se estabilizar com produtos e serviços de alta complexidade, o Brasil passou a perder estabelecimentos na transformação a um ritmo de 1,8% por ano, de 2015 a 2020.
Isso pode ser visualizado no gráfico 1: depois de alcançar o pico de 352,3 mil registros de estabelecimentos em indústrias de transformação, o setor despencou e chegou a 2020 com 316,5 mil indústrias. Em seis anos, foram 35.814 portas fechadas, o que dá cerca de 16 estabelecimentos por dia. Esse processo se encaixa no fenômeno de U invertido da desindustrialização: quanto mais rico um país fica, menor é a participação da indústria desse país no PIB.
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Contudo, essa perda em geral começa a se dar de forma mais consistente nas indústrias de baixa e média tecnologia, enquanto as que fabricam produtos de alta sofisticação permanecem fortes na construção do Produto Interno Bruto. O problema é que o Brasil começou a ver sua indústria de transformação derreter antes de ter uma indústria de alta tecnologia pujante. Por isso a ideia de desindustrialização prematura.
Assim, para estancar o processo de desindustrialização, a saída é voltar a construir uma política industrial que valorize as melhores práticas internacionais, fortaleça a produção industrial atual e ainda alce o Brasil ao patamar de produção de alta complexidade, como da química fina, automotiva, mecânica de precisão, chips de semicondutores, indústria aeroespacial e aeronáutica entre outras. Isso aliado a um consistente investimento em atividades de serviços complexos e sofisticados, pesquisas, atividades ligadas à ciência, inovação e tecnologia.